terça-feira, 21 de maio de 2013


Esse mundo moderno vem trazendo uma série de novas nomenclaturas e conceitos, e as vezes nós nos pegamos atordoados com tanta informação. Alguns acham isso uma coisa ruim, dizem que a internet faz com que as pessoas não se aprofundem nos assuntos e blá. Isso pode ser até real em alguns momentos, mas o fato é que é melhor ser bombardeado com informações a todo momento do que permanecer alheio às realidades.
Sobre o tema do post dessa semana, vamos falar sobre gênero! Esse bicho de nove cabeças, que parece ser enorme porque não se encaixa na cabeça de muita gente.
Esse post nasce da revolta de ver, na maioria das notícias envolvendo travestis, o uso do pronome se referindo ao sexo biológico daquela pessoa. Dá uma raiva monumental, sabe? É mais ou menos a mesma coisa que a gente sente quando alguém troca nosso nome, mesmo conhecendo a gente, sabendo quem somos. Dá uma agonia, um sentimento de não reconhecimento.
É tão difícil compreender que aquela pessoa se entende numa identidade de gênero diferente da que você espera que ela se identifique? Vamos sair da caixinha minhagente!
Caixinha
Quando você vê um homem automaticamente imagina que ele tem um pênis e sente atração por mulheres, né? E quando vê uma mulher, parece óbvio que ela tenha uma vulva e fique loooouca louquinha num pênis, correto? Pois é, destrua tudo isso da sua mente. É hora de sair da caixinha!
homem gravido
Órgão genital, identidade de gênero e orientação sexual são coisas distintas. Acontece que nossa sociedade criou uma relação entre esses três fatores, e estabeleceu um padrão de conduta pra gente. Se você nasceu com um pênis, já é esperado que você se identifique com o gênero masculino e que queira mergulhar numa vulva. Só que não é bem assim que a banda toca. O fato de ter um pênis não quer dizer que você venha a se entender como um ser masculino. O pênis é o órgão genital, o fato de se identificar como masculino, feminino ou ambos é identidade de gênero.
Exemplificando (porque a gente é pedagoga e adora ilustrar): a pessoa travesti é alguém que nasceu com determinado órgão sexual e se identifica com o gênero oposto ao que a sociedade impõe à pessoas que tem tal órgão. Se é uma travesti, nasceu biologicamente com um pênis e se identifica com o gênero feminino. Se é um travesti, nasceu biologicamente com uma vulva e se identifica com o gênero masculino.
Mas a caixinhas ainda não se abriu completamente. Até aí a maioria das pessoas consegue entender (apesar de muitas se recusarem a tratar a pessoa com o pronome condizente com o gênero que ela se identifica). Beleza, pessoa nasceu com pênis e se identifica com o gênero feminino, então ela sente atração por homens, correto? NÃO BABY. O fato dessa pessoa se identificar com o gênero feminino nada tem a ver com a orientação sexual dela. Assim como uma pessoa que nasceu com vulva e se identifica com o gênero feminino (vulgo mulheres biológicas, e eu detesto esse termo) podem ter orientação homo, hétero, bi, pan ou nenhuma, a mulher travesti também se dá a esse luxo, DÁ LICENÇA? Nem toda mulher sente atração por homens, seja ela trans ou nascida com vulva. E o mesmo com os travestis. O fato de se identificar com o gênero masculino não obriga a pessoa a querer lamber uma vulva.
Image
Deu pra aquendar a diferença entre órgão genital, identidade de gênero e orientação sexual? Nós que somos zuuuper inteligentes (só q n) desenvolvemos esse tema num trabalho que escrevemos e apresentamos ano passado no X ENUDS (Encontro Nacional de Diversidade Sexual). Nesse trabalho, trazemos a expressão “congruência total de gênero”, que diz respeito justamente a essa imposição social doida que cria um padrão que conecta essas três esferas e faz com que qualquer que fuja a um dos três níveis de congruência sofra marginalização e exclusão social.
A hora de sair da caixinha é agora! Liberte-se, e permita a liberdade. Queremos um mundo fúcsia, um mundo colorido! Um beijo sabor diversidade pra vocês MUAX.

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